Adriana Franzin - Portal EBC
Um estudo feito
a pedido da empresa Maurício de Sousa Produções (MSP) calcula que a cadeia
produtiva do setor de conteúdo infantil terá prejuízos de cerca de R$ 33
bilhões e fechamento de 700 mil empregos, caso seja acatada a resolução 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente), que considera abusiva toda a publicidade e
comunicação mercadológica dirigida à criança e ao adolescente.
O levantamento feito pela consultoria GO Associados ,
divulgado na última semana, afirma que as perdas salariais chegariam a R$ 6,4
bilhões e haveria um recuo de R$ 2,2 bilhões na arrecadação do governo. Monica
Sousa, filha do cartunista e criador da Turma da Monica – a maior produtora de
conteúdo infantil do país – defende que a medida é prejudicial.
"Essa maneira de pensar que proibição é melhor do que tudo, que a família
não tem condição de avaliar, eu vejo como uma forma de subestimar a família",
disse durante o lançamento da pesquisa.
Para a
publicitária Nádia Rebouças, que integra o Rebrinc (Rede Brasileira Infância e Consumo) e o Conselho
do Instituto Alana, o
estudo faz uma “avaliação catastrófica” da mudança para assustar o mercado e
impedir o avanço da resolução. Ela compara as novas regras da publicidade
infantil com a proibição dos anúncios de cigarro, ocorrida no início dos anos
2000.
“Era impossível
de se pensar que ia destruir a propaganda, o patrocínio da Fórmula 1, dos
esportes – porque nós éramos um país que tinha o cigarro ligado ao esporte
profundamente. Então, isso não mudou? Alguém faliu? Deixou-se de vender
cigarro? Não. Apenas a sociedade escolheu que isso não é um valor para ser
anunciado e repetido em um país em que as crianças ficam em frente a televisão
por seis horas (por dia), em média.”
Nádia defende
que a sociedade brasileira está passando por um momento de profunda transformação
de valores em que os pais estão se conscientizando cada vez mais sobre o que é
adequado para seus filhos, mas que a mudança não se dá de maneira
uniforme. “Nós não podemos acreditar que o nível de informação de todos
os pais é igual para que eles tenham a autonomia de dizer sim ou não ao
produto. Não é essa a realidade do país”, diz.
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Além disso, ela
destaca que a publicidade infantil implica em outros problemas, além do
estímulo ao consumo exagerado. “Controlar a publicidade infantil resolve
problemas da saúde, não só de obesidade, que reflete em vários outros, mas como
problemas de sensualidade precoce. O problema é que por na ponta do lápis o
custo dessa decisão para o lado social é muito complexo”.
Reproduzido de EBC
15 dez 2014
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